Como diversos filmes da 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, "A Festa da Menina Morta" recebeu aplausos. O longa-metragem foi exibido no festival que aconteceu em outubro, na capital paulista, em meio ao trivial burburinho de um dos maiores eventos do cinema brasileiro.
Mas, de fato, a produção figurava entre as principais revelações nacionais da mostra. E mostrou-se um bom começo para o ator Matheus Nachtergaele, em sua pioneira incursão
como diretor.
O enredo gira em torno de Santinho (Daniel de Oliveira), alçado à condição de líder espiritual em um povoado ribeirinho do alto Amazonas após um "milagre" realizado por ele depois do suicídio de sua mãe (Cássia Kiss). No filme, a rotina das pessoas que circundam Santinho é retratada com o claro objetivo de ser "fiel" ao real cotidiano das comunidades da região.
A questão é que esses figurantes e coadjuvantes são habitantes da região --indígenas, negros, mamelucos, caboclos, mulatos. Santinho e sua mãe, brancos. Embora essa diferença seja justificada ao longo da história --e a despeito da sempre boa atuação dos dois atores--, esse "porém" torna o filme um tanto inverossímil.
O projeto
Questionado sobre o surpreendente trabalho dos atores locais, o co-produtor Patrick Siaretta explicou que nenhum dos figurantes e coadjuvantes é profissional. "Todos foram escolhidos por meio de seleção e têm talento natural."
Segundo Siaretta, a idéia do longa surgiu quando Nachtergaele estava gravando outro projeto no Amazonas. "Ele já tinha a intenção de ser diretor, e então viu uma festa semelhante à da menina morta, com uma história muito parecida", disse. "Assim, teve a idéia de usar a fé do brasileiro e a mistura de religiões que existe no Brasil para fazer o filme."
"A Festa da Menina Morta" recebeu prêmios no 36º Festival de Gramado (melhor filme pelo júri popular e pela crítica, melhor ator, melhor fotografia, melhor música e prêmio especial do júri), no Festival do Rio 2008 (melhor diretor e melhor ator) e no 44º Festival Internacional de Cinema de Chicago (melhor filme da mostra New Directors).
"Achei interessante a reação das pessoas lá fora, como no 61º Festival de Cannes [a produção integrou a mostra Un Certain Regard]. O filme surpreendeu positivamente os estrangeiros", lembrou o co-produtor.
A atuação irrepreensível de Jackson Antunes e a bem-vinda presença de Dira Paes também conferem ao filme o brilho necessário ao ingresso de um diretor no mundo do cinema, fazendo do impacto entre os personagens interpretados por atores consagrados e por coadjuvantes talentosos um mero detalhe.
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Direção: Matheus Nachtergaele. Duração: 110 minutos. Classificação etária: 18 anos. | Leia mais no roteiro |
As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações |
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