Polanski é dono de uma das biografias mais dramáticas do cinema: sua primeira mulher, a atriz Sharon Tate, foi assassinada, grávida de 8 meses. O diretor ainda fugiu dos Estados Unidos em 1978, após ser condenado por fazer sexo com uma menina de 13 anos, a quem teria drogado e alcoolizado.
Sua vida é objeto de "Roman Polanski", documentário de Alê Primo, exibido pela primeira vez na Mostra de Cinema, nesta terça-feira (27). O filme, porém, não capta o teor polêmico da biografia do cineasta.
A ideia da produção surgiu em 2004, quando Alê foi chamado pelo Sesc para produzir e implantar um cinejornal. No princípio, o programa retrataria perfis de personalidades culturais. Como, na época, Roman Polanski viria ao Brasil para uma retrospectiva cinematográfica, surgiu a oportunidade de entrevistá-lo.
"Tive a sorte que, no dia da entrevista, ele --que é avesso à imprensa-- ficou relaxado. Consegui fazer uma extensa entrevista", explica Alê ao Guia da Folha Online. Nessa conversa, Polanski falou de sua infância, da carreira, do estudo de cinema e dos filmes que dirigiu. Comentou, ainda, momentos dramáticos, como o assassinato de sua primeira esposa, Sharon Tate.
Além dos depoimentos do cineasta, são alternados, na fita, trechos de produções de Polanski e comentários de artistas como Caetano Veloso. Também com cenas de arquivo, o documentário oferece um panorama para aqueles que não conhecem a trajetória do diretor. Gera ruído, no entanto, o excesso de trilha sonora do longa, que embala, inclusive, os depoimentos do entrevistado.
Condenação de Polanski
No filme, Alê Primo não discute a questão mais polêmica da vida de Polanski: a condenação por ter supostamente mantido relações sexuais com uma então adolescente.
Sobre o caso, Alê Primo afirma: "é uma coisa do passado. Acho ridículo a Justiça americana querer prender o cara 30 e tantos anos depois. É bem uma coisa de moral branca e conservadora americana".
Primo acredita ainda que, com a situação atual de Polanski, detido na Suíça, o filme "vai chamar muita atenção no mundo todo".
Desejado e procurado
Alê Primo não está sozinho. A cineasta americana Marina Zenovich lançou, em 2007, o documentário "Roman Polanski: Wanted and Desired" ("Roman Polanski: Procurado e Desejado"). Mas, ao contrário de Primo, ela foca o longa na fuga de Polanski e na condenação.
No filme, Zenovich recolhe depoimentos do advogado de Polanski, da vítima, dos policiais encarregados do caso e de jornalistas que cobriram o fato. O filme sugere ainda que pode ter ocorrido irregularidades no caso.
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