Esqueça o Sherlock Holmes polido e senhoril das obras literárias de Arthur Conan Doyle. Na adaptação de Guy Ritchie para o cinema, que estreia nesta sexta-feira (8), o detetive aparece corporificado por Robert Downey Jr., e quase se confunde com a imagem do ator: musculoso e briguento.
Na trama, Holmes e seu elementar companheiro Dr. John Watson --em interpretação contida de Jude Law, mais alinhada com o personagem dos livros-- desvendam uma série de assassinatos envolvendo uma sociedade secreta e rituais macabros. Enquanto isso, tentam administrar sua conturbada amizade --Holmes, turrão e solitário, se mostra enciumado com o noivado de Watson, e ainda tem de lidar com o relacionamento confuso com a golpista Irene Adler (Rachel McAdams).
Permeada de cenas de luta, perseguições e bebedeiras, a produção deve cair no gosto dos fãs de filmes de Ritchie, como "Snatch - Porcos e Diamantes" (2000). Esses elementos conferem a autoralidade da adaptação, bastante distante da obra original. Restam, por exemplo, poucas cenas dedicadas ao raciocínio meticuloso de Holmes, fascinado, nos livros, por pistas e indícios de acontecimentos.
O faro investigativo da dupla Holmes e Watson, que encantou e encanta leitores de diversas gerações e nacionalidades, é apenas um detalhe em meio ao amontoado de cenas de ação que compõem o filme --na medida para, de um lado, atrair grandes bilheterias e, de outro, deixar fãs saudosos das aventuras literárias do detetive.
Comentários
Ver todos os comentários