Concertos e Dança

Osesp estreia peça sinfônica de jovem compositor brasileiro

CAMILA NEUMAM
Colaboração para a Folha Online

Entre os dias 9 e 11 de abril, a Osesp estreia na Sala São Paulo a peça inédita "Seis Estudos Sinfônicos", do compositor brasileiro Marcus Siqueira, 35, sob regência da maestrina portuguesa Joana Carneiro.

Crédito: Divulgação

Em 2006, Siqueira recebeu a missão dada pelo então diretor artístico da Osesp, John Neschling, de compor sob encomenda uma sinfonia para a orquestra, que seria executada no 2º Concurso Internacional de Regência da Osesp, em 2008, como obra de confronto para semifinalistas.

Desafio aceito, obra pronta em setembro de 2007, a peça, até o momento secreta, continuou no ostracismo no ano seguinte, em virtude do cancelamento do concurso e da demissão de Neschling, em janeiro de 2009.

As mudanças na orquestra, no entanto, não a impediram de usar a peça do compositor, dada sua qualidade técnica.

"Me ligaram no final de 2006 e disseram que o Neschling gostaria de conversar comigo. Na ocasião ele estava com dor de cabeça e quem me recebeu foi o Victor Hugo Toro. (...) Eles me deram uma liberdade total de criação, sem recursos gráficos, exigindo apenas o tempo e o trabalho com ampla orquestra", disse Siqueira à Folha Online, por telefone.

Como indicado no título, seus estudos dividem-se em seis partes, cada uma delas colocando questões relativas às demandas da regência: 1 - "Dos Materiais em Harmonia", 2 - "Das Relações com o Timbre", 3 - "Dos Pulsos Internos", 4 - "Sobre o Lírico", 5 - "Dos "Tutti" e 6 - "Das Heterofonias", com duração de 20 minutos.

Reconhecimento

Bacharel em Música, com habilitação em violão erudito pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), Siqueira é mineiro de Caratinga e tem cerca de 60 composições no currículo, contabilizadas em torno de 16 peças sinfônicas para as mais diversas formações --orquestra, grupos de câmara, instrumentos solistas e obras para coral e madrigal, além de trilhas para cinema e teatro.

Segundo Siqueira, a escolha de seu nome entre tantos compositores eruditos brasileiros foi recebida com entusiasmo, a que ele atribuiu como um reconhecimento do trabalho de jovens compositores.

"Esse convite foi encarado com alegria e como um desafio real, porque sempre tem essa perspectiva de que o [compositor] novo tem pouco ensaio, que o jovem tem o vício histórico de não trabalhar muito, e compositores são considerados maduros depois dos 45; hoje tenho 35".

Paixão

Além de um trabalho árduo, os meses de criação dos "Seis Estudos Sinfônicos" renderam ainda uma nova relação amorosa na vida do compositor. Seu contato com a Osesp o fez conhecer a violinista italiana Simona, por quem se apaixonou e dedicou o segundo dos estudos da peça sinfônica.

"Junto a essa paixão, até então platônica, me ocorreu uma crise com as peças sobre as quais estava trabalhando para o concurso. Como num gesto de loucura, joguei tudo que estava escrevendo para os ares e comecei do zero uma nova sequência de Seis Estudos para orquestra. (...) O estudo 2 - "Das Relações com o Timbre" foi imaginado sobre o nome de Simona: Si - Mo - Na. Pode parecer meio abstrato, mas para mim era claro que eu deveria elaborar um estudo de cores orquestrais em três momentos distintos, onde cada estudo colocava questões relativas às demandas da regência", conta.

Meses depois de partituras e flertes, finalmente Siqueira e Simona tornaram-se namorados. Nos meses seguintes casaram-se, e em outubro terão um filho.

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