Curadores comentam obras em exposições no parque Ibirapuera

Com a inauguração do "33º Panorama da Arte Brasileira" no sábado (dia 5), no MAM, o parque Ibirapuera oferece outra atração para quem quiser apreciar arte entre uma pedalada e um piquenique.

Batizada de "P33: Formas Únicas da Continuidade no Espaço", a coletiva reúne obras e projetos de 32 nomes, do Brasil e do exterior, e se une às exposições já em cartaz no pavilhão da Bienal, "30 x Bienal", e na nova sede do MAC-USP, "León Ferrari - Lembranças de Meu Pai" e "Fronteiras Incertas: Arte e Fotografia no Acervo do MAC-USP, além das atrações do Museu Afro Brasil.

Para ajudar sua visita, o "Guia" pediu aos curadores de quatro dessas mostras que indicassem alguns dos destaques em exibição, com breves comentários. Aproveite.


30 X BIENAL
O curador Paulo Venancio Filho indica e comenta algumas obras.


"Ondas Paradas da Probabilidade"
(1969), Mira Schendel
"É uma das primeiras instalações que aparecem em uma Bienal, como um gênero novo daquela época"

"Cubo Vazado"
(1951), Franz Weissmann
"Representou um impulso na abstração geométrica brasileira"

"Bichos"
(1960), Lygia Clark
"Obra Paradigmática da participação do espectador"

"Bolha Amarela"
(1969), Marcello Nitsche
"Essa obra causa impacto pela dimensão, pela ideia de uma escultura inflável"

"Núcleo em Expansão"
(1965), Iberê Camargo
"Exemplo máximo do expressionismo brasileiro"

"Sem Título"
(2005), Fernanda Gomes
"Poético arranjo de objetos comuns"


"América. América"
(1973), Montez Magno
"Montez Magno escreve poemas e partituras, faz objetos, desenhos, pinturas e instalações ambientais. A seleção é quase uma retrospectiva dos anos 1960 até hoje. Entre as propostas, destaque para as "Cidades Imaginárias" e o "MMMausoléu", em que o artista traça um paralelo entre o ambiente do museu e a sala mortuária. Suas "Cidades Cúbicas" (1972) comparam o planejamento urbano à aleatoriedade de um jogo de dados"

"Postococa"
(2013), Dominique Gonzales-Foerster
"O piso da Galeria Nova Barão alude à calçada de Copacabana. É nessa passagem comercial que Dominique transfere uma peça do mobiliário urbano da orla carioca. "Postococa" é uma justaposição entre o posto de salvamento, projetado por Sergio Bernardes, e o poema "Beba Coca-Cola", de Décio Pignatari. Dominique vai refazer um desses postos de salvamento no centro de São Paulo"

"Superposição de Quadrados"
(2013), Pablo Uribe
"Pensar uma nova sede para o MAM não poderia deixar de analisar a coleção. Pablo Uribe tirou 37 pinturas da reserva técnica e a condensou em uma única parede"

"Sem Título"
_(2013), Andrade Morettin
"O declive entre os pavilhões de Oscar Niemeyer e o lago do Ibirapuera originou o projeto. O corte de 150 metros de extensão seria inundado e formaria o pátio de um museu subterrâneo. Sob a marquise, restaria o acesso ao novo MAM"

"Tripartida Reunida"
(2010-2013), Beto Shwafaty
"A peça 'retorna' ao MAM em versão reduzida, com os logotipos do Adobe Acrobat e do Commertzbank. Documentos, croquis, diagramas e fotografias mostram como o símbolo do infinito remete agora à dissolução de fronteiras entre o privado e o público"

"Relevo e Aderência"
(2013), Vitor Cesar
"Vitor Cesar fez um 'site-specific' para desmontar a lógica modernista do espaço 'neutro'. É uma homenagem aos arquitetos Lina Bo Bardi e Luis Barragán. Com o pedreiro Manoel Silva, o artista aprendeu como preparar uma parede para a galeria do museu, mas suprimiu o acabamento e deu visibilidade à mão de obra oculta. Elemento indissociável do display, a parede de chapisco se funde na arquitetura"

"~"
(2013), Daniel Steegmann Mangrané
"O artista instalou três cortinas em correntes de alumínio, com perfis metálicos. Dispostas transversalmente às paredes azuis e cinzas de Lina Bo Bardi, cada uma traz uma cor que o visitante enxerga como filtros. Translúcidas, porém onipresentes, as camadas estruturam a expografia do P33 que dispensou os painéis do 'cubo branco' e manteve apenas as paredes originais"

Projeto do SPBR
(2013), SPBR
"O escritório de arquitetura SPBR propõe que o edifício do MAM se integre ao conjunto arquitetônico do Ibirapuera e passe a circunscrevê-lo. O museu se converteria em um mirante sobre todo o parque. Seu desenho retilíneo estabeleceria uma conversa com as curvas de Niemeyer. O novo MAM seria visto de avião como uma obra de 'Land Art'"

Diversos trabalhos
(2013), Affonso Reidy
"O MAM-RJ é um edifício concebido por Affonso Reidy para abrigar um museu no Aterro do Flamengo. Iniciada em 1954, a construção compreende o Bloco Escola (1958), o Bloco de Exposições (1967) e o teatro (2006). O P33 traz plantas originais e fotografias que registram esse grande momento da arquitetura mundial"

Documentos originais
Lina Bo Bardi
"Lina Bo Bardi e Martim Gonçalves fizeram a exposição "Bahia no Ibirapuera", durante a 5ª Bienal de São Paulo. Reuniram artefatos da cultura popular e criaram uma cenografia de cortinas e folhas de arruda forrando o chão. O P33 mostra como era esse Pavilhão Bahia, além de desenhos da reforma do Solar do Unhão, em Salvador, e do MAM-SP"


LEÓN FERRARI-LEMBRANÇAS DE MEU PAI
A curadora Carmen Aranha comenta a exposição

"A primeira obra, a que dá nome à mostra, chama-se "Lembranças de Meu Pai". Ela tem uma luz embaixo que projeta verticalmente essa estrutura, você faz uma relação de que aquilo tem a ver com a catedral. Rebatido a essa encontra-se uma escultura sem título e sem data que dá uma alusão ao conjunto da exposição, como se fosse uma igreja. Mas ela vai ser profanada pela série 'Parahereges', que fica em vitrines. O trabalho dele [León Ferrari] quer profanar mesmo, quer acabar com esse negócio de religião católica. Ele quer mostrar toda a violência da política e das pessoas. Ele é um artista que gosta de mostrar que a religião católica deve ser desconstruída. Violenta as pessoas. Já a série de heliografias não é tão política, mas tem todo o olhar sobre o caos da cidade"

Informe-se sobre a exposição


FRANCISCO BRENNAND - MILAGRES DA TERRA, DOS PEIXES E DO FOGO


Figuras mitológicas, pássaros, peixes, jacarés, lagartos, frutos e objetos compõem o conjunto de 80 esculturas, feitas utilizando a técnica de cerâmica vitrificada, do artista pernambucano Francisco Brennand.

Informe-se sobre a exposição

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