Clássico da rua Augusta, clube Vegas fecha as portas após sete anos

Crédito: Divulgação
Na foto, a pista do Vegas, no centro de São Paulo, que anunciou o encerramento de suas atividades na tarde desta segunda-feira (16)

Desde 2005, as baladas do Baixo Augusta não foram as mesmas. E o grande responsável por transformar a região num polo de diversão noturna foi o clube Vegas, aberto no mesmo ano e que anunciou, na tarde desta segunda (16), o fechamento definitivo através de sua página oficial no Facebook.

O motivo do fim do clube foi uma proposta milionária de compra do imóvel recebida pelos proprietários. Como o valor era muito alto, após tentativas de negociação, Facundo Guerra, o inquilino que mantinha a boate, não conseguiu chegar a um acordo --no local, provavelmente surgirá mais um prédio.

Pioneiro, o Vegas atraiu diversas outras casas noturnas para o Baixo Augusta. Se antigamente patricinhas e mauricinhos, por exemplo, evitavam dar as caras na região central, depois da abertura do clube, a história mudou. Em meio a prostíbulos e a botecos "pé-sujo", era possível encontrar por ali todo tipo de baladeiro: dos roqueiros aos manos; dos gays aos mauricinhos.

Nos últimos anos, boatos de que a casa fecharia circulavam pelas redes sociais com frequência. Longe de ter a fama (e o "glamour") conquistada pós-inauguração, o local, porém, continuava na ativa com festas animadas, a maioria dedicada à música pop. Os antigos frequentadores já não apareciam mais, então coube à galera mais jovem a tarefa de manter as luzes da pista do clube ainda acesas.

O Baixo Augusta amanhecerá menos animado daqui para frente.

Veja a íntegra da carta publicada pela equipe do Vegas:

"É com pesar que anunciamos o fechamento do Vegas a partir desta semana do dia 16/04/2012.

O Vegas teve um ciclo de sete anos, e ao longo destes anos todos a noite de São Paulo e especialmente a rua Augusta mudou para melhor. É possível contar a história da noite recente de nossa cidade através de um antes e um depois do Vegas: coincidência, timming, chame como quiser, mas a noite de São Paulo floresceu desde a abertura do projeto. A rua Augusta, antes desolada, hoje representa a cara de nossa cidade. E ironicamente foi o sucesso do clube e, por consequência, da rua Augusta, que acabou por vitimar o Vegas: o galpão onde o mesmo se encontra recebeu uma proposta de compra milionária para ali ser montado um empreendimento imobiliário. Como inquilinos nunca poderíamos cobrir a oferta que o imóvel recebeu e batalhamos até o último segundo, mas nesta segunda-feira resolvemos jogar a toalha. O Vegas tombou não por conta da falência do projeto, mas em virtude do preço do metro quadrado na região, hoje uma das mais valorizadas de São Paulo.

Foram noites memoráveis e do Vegas saíram outros 5 projetos que entregamos para São Paulo, sem contar as dezenas de clubes e bares que povoaram a rua e a transformaram em cartão postal de São Paulo. O ciclo, hoje, se encerra. Ao longo deste sete anos foram incontáveis os amigos, os parceiros, as alegrias que o clube proporcionou. O Vegas foi a porta de entrada para muitos profissionais que atuam com sucesso na noite paulistana hoje, e só por isso ele já cumpriu sua função histórica. Lançou antes de muitos novas estéticas no campo da música e do vídeo, teve em seus palcos os melhores DJs do Brasil e do mundo, foi pauta da imprensa internacional, serviu de referência para clubes Brasil afora e teve seu nome e seu projeto clonado pelo menos 4 vezes ao longo dos anos, prova incontestável de seu sucesso. O Vegas nunca mais deixará a memória e os corações de quem ali trabalhou e dos clientes que passaram suas noites ao nosso lado.

Portanto, nada de tristeza aqui. Somos imensamente gratos ao clube que serviu de fundação para a Nova Augusta. Cumprimos com louvor o objetivo do projeto.

O Vegas está morto. Viva o Vegas!"

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