Parques têm excesso de filas e faltam comidas saudáveis, aponta Idec

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) analisou cinco parques de diversão, três em São Paulo e dois em Vinhedo (79 km da capital paulista), e apontou problemas como excesso de filas e poucas alternativas saudáveis para alimentação.

Os selecionados foram Hopi Hari, Playcenter, Wet'n Wild, O Mundo da Xuxa e Parque da Mônica. Pesquisadores do instituto estiveram nos parques entre os dias 13 e 14 de setembro, e fizeram uma simulação da visita de uma família com quatro pessoas, levando em consideração quanto seria gasto, as opções de alimentação e as filas.

Crédito: Divulgação
Hopi Hari, em Vinhedo (SP), tem 760 mil metros quadrados e é dividido em 5 regiões temáticas

Os ingressos para uma família (pai, mãe e dois filhos de até 10 anos), estacionamento e um almoço mais saudável, dentro das possibilidades oferecidas pelo parque, custam R$ 353,20 no Hopi Hari, R$ 244,60 no Wet'n Wild, R$ 196,80 no Playcenter, R$ 184,50 no Mundo da Xuxa e R$ 165,60 no Parque da Mônica.

Filas

De acordo com a pesquisa, a espera na fila do "elevador" do Hopi Hari era de cerca de 2h30. Mesmo nos brinquedos menos concorridos, o tempo era de pelo menos 20 minutos. No Playcenter, foi preciso esperar 2h para brincar na montanha-russa e 1h no "elevador". Já no parque da Xuxa, a fila do bate-bate passou de 40 minutos, e a do Bosque dos Duendes, a única atração aquática do local, chegou a 30 minutos. O Parque da Mônica apresentou filas menos demoradas; a mais longa levou 15 minutos. No Wet'n Wild, o levantamento foi prejudicado, devido ao clima e à época do ano.

Para não encarar as filas, no Playcenter há o chamado "Play Pass", que pode ser traduzido por "fura fila": o consumidor paga por um passaporte que permite brincar sem ter que esperar. Cada unidade custa R$ 13 e dá direito a uma atração. Quem preferir, pode comprar quatro por R$ 15 ou oito por R$ 20. No Hopi Hari, as opções são numerosas: R$ 15 para furar uma fila, R$ 25 para furar quatro, R$ 30 para seis e R$ 36 para entrar na frente em oito filas. Vale ressaltar que em todos os casos os valores são somados ao valor já pago pelo ingresso.

"Consideramos esse procedimento antiético e deseducativo. O parque, em vez de resolver o problema das longas filas, vende vantagens", afirma Carlos Thadeu de Oliveira, gerente de informação do Idec.

Crédito: Renato Stockler/Folha Imagem

Comidas

Segundo o levantamento, as opções para se alimentar nos parques, em geral, possuem altos teores de gordura, sódio e calorias. O Hopi Hari é a exceção: em todas as lanchonetes foram encontradas opções de alimentos mais saudáveis. O parque tem ainda um restaurante à la carte, cujo cardápio inclui saladas.

No Wet'n Wild, estavam disponíveis algumas opções como açaí, espetinhos, baguetes de frango ou atum e pipoca. O mesmo ocorreu no Playcenter, que oferece ainda saladas e sanduíches naturais.

No Parque da Mônica, a lanchonete e um dos quiosques têm cardápio com alternativas como salada, sanduíche natural, maçã e salada de frutas. Mesmo assim, o número de alimentos adequados nutricionalmente é relativamente pequeno. Em O Mundo da Xuxa, a única lanchonete e os quiosques são todos do McDonald's.

Para quem quer economizar ou prefere preparar o próprio lanche, é possível levar comida de casa. Durante a pesquisa, todos os estabelecimentos autorizaram a entrada com alimentos, levados em uma sacola transparente (embora o Wet'n Wild e o Parque da Mônica, oficialmente, não o permitam).

Outro lado

Sobre a espera para a utilização dos brinquedos, a assessoria de imprensa do Hopi Hari diz que as operações seguem padrões internacionais do setor e que o tempo de fila do elevador é maior porque essa é uma das atrações mais concorridas. O Hopi Pass --passaporte para furar filas-- não compromete o tempo de espera das outras pessoas, também de acordo com a assessoria, que fala que o sistema também é utilizado em todos os parques internacionais.

Já o Wet'n Wild diz que as filas nunca foram motivo de reclamações dos visitantes. Sobre a alimentação oferecida, o parque aquático, segundo sua assessoria, avisa que possui quiosque com opções mais saudáveis no local --como saladas de frutas, lanches naturais, água de coco, açaí e iogurte-- e que, apesar de não ser permitida a entrada de alimentos, o visitante pode guardar os produtos trazidos de casa no Balcão de Informações.

O Playcenter, por meio de sua assessoria de imprensa, diz que não se manifestará sobre a pesquisa do Idec. Procuradas pela Folha Online, os outros parques não responderam até a publicação desta reportagem.

Leia mais

Especial

Livraria da Folha

As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais