"A Jamaica está em todos meus momentos", diz Céu; leia bate-papo

Crédito: Carlos Cecconello/Folhapress
Céu (foto) divulga o recém-lançado disco "Caravana Sereia Bloom" no Sesc Belenzinho (zona leste de SP) de quinta (10) a sábado (12)

A paulistana Céu, 32, faz três shows no Sesc Belenzinho (zona leste de São Paulo) entre quinta (10) e sábado (12).

Ela divulga seu disco mais recente, "Caravana Sereia Bloom", o quarto da carreira, lançado há poucos meses e marcado pela evolução da sonoridade que a celebrizou.

Além dos pés fincados no reggae --"A Jamaica está presente em todos os meus momentos"--, Céu flertou com o rock e o brega em um disco que versa sobre um tema especial: a estrada.

"Não foquei um lugar específico, embora tenha buscado particularmente a música e a cultura de regiões fronteiriças do país, como a Norte", ela diz.

Canções como "Contravento", "Retrovisor" e "Amor de Antigos" já são candidatas a ladear seus antigos sucessos, como "Grains de Beauté" e "Malemolência", que também têm lugar nas apresentações.

Próximos do Dia das Mães, os shows --com ingressos esgotados nos três dias-- podem ganhar uma conotação ainda mais especial para a cantora.

Sua filha, Rosa Morena, já balbucia suas canções: "Ela gosta da música da sereia e do reggae. E é muito afinada."

Informe-se sobre o show

ABAIXO, LEIA BATE-PAPO COM A CANTORA CÉU:

Crédito: Renan Costa Lima/Divulgação Céu (foto) canta seu novo disco, "Caravana Sereia Bloom", de quinta (10) a sábado no Sesc Belenzinho (zona leste de SP)
Céu (foto) canta "Caravana Sereia Bloom" de quinta (10) a sábado no Sesc Belenzinho (zona leste de São Paulo)


Guia - As músicas e as letras do disco novo remetem a viagens e estradas. Que lugares te inspiraram?
Céu - Não existiu um lugar específico. Quando comecei a fazer o disco, queria falar dessa situação itinerante, de tudo o que a estrada traz e significa. A paisagem de fato, no fim, é uma particularidade menos importante. Também busquei uma linguagem mais da fronteira do Brasil, nas regiões mais ao Norte.

E como tem sido a divulgação?
Acabei de voltar do Circo Voador, no Rio de Janeiro, que acho um dos lugares mais legais do Brasil para tocar. Pela história, pela galera que vai e também porque eu gosto de shows em que o pessoal fica de pé. Foi uma delícia. Também fiz uns shows na Alemanha que foram surpreendentes, e agora estou bolada nessas apresentações no Sesc Belenzinho. É sempre bom demais tocar no Sesc.

No disco, às vezes há duas guitarras junto de teclas e de várias camadas de voz, que são bem características suas. Por que a opção por uma formação mais enxuta ao vivo?
A princípio, acho que foi uma situação econômica (risos). É muito complexo levar uma banda muito grande pra lá e pra cá. Já é difícil pra caramba viver de música. Se você tem uma equipe enorme, então... Mas também porque eu gosto disso. Acaba dando um clima mais pessoal à apresentação, que fica mais intimista e centrada na minha mensagem. Por isso que o Marco (DJ) tem um papel muito importante no meu som.

Em uma entrevista há quase 3 anos para a revista "Serafina", você apontou uma discografia básica sua naquele momento que incluía uma coletânea de raridades do Nelson Cavaquinho. "Palhaço" estava entre elas?
Estava sim. Esse disco me influencia demais ainda hoje. Meu pai me deu assim que voltei dos Estados Unidos. O samba é uma grande raiz. E essa música em particular sempre me tocou muito. Eu ficava cantarolando nas passagens de som... As meninas já tiravam sarro de mim, "Lá vem ela com o palhaço!" (risos).

Pensa em investir mais em samba no futuro? O que esperar de você?
Olha, já há tantas cantoras de samba... Acho que sempre vou ter o gênero no meu som --embora esse último disco tenha sido o mais distante disso, mais brega e roqueiro-- mas é difícil saber se faria algo só de samba. Também não sei bem para onde vou musicalmente. Isso é sempre uma grande incógnita! Descubro o que quero fazer meio que fazendo.

Você sente que já chegou no seu som ou é uma eterna busca?
Olha... [pensa bastante] Essa é uma pergunta difícil. Eu estou bem satisfeita com o resultado desse último disco. Costumo ficar satisfeita com o resultado dos discos, aliás. Mas, por outro lado, acho que, no fundo, o que mais importa mesmo é o caminho, muito mais do que a chegada. A busca é muito rica.

Como é seu processo de composição?
O mais normal é fazer uma melodia e uma letra juntas. Anoto pedacinhos, em seguida vou procurar os acordes. Acho que sempre parte da melodia, mais do que tudo, mais até do que da letra. Mas isso varia bastante. Tem música que vem pronta, e tem música que nasceu de uma letra que veio e ficou lá, quietinha por um tempo... e um dia nasceu.

Como o reggae influenciou sua formação musical? Quando você era novinha ouvia muito Bob Marley?
O Bob foi a porta de entrada, sem dúvida nenhuma. E eu ouvia bastante mesmo! Ele abriu as portas para toda a cultura da Jamaica, pela qual fiquei muito apaixonada. Comecei a ir mais a fundo em tudo, tanto em outros nomes musicais quanto na filosofia. É uma música que eu nunca deixo de curtir, mesmo que esteja mais envolvida com outros estilos, como o brega ou o rock. A Jamaica está presente em todos os meus momentos.

Sua filha já ouve suas canções? Ela gosta de te ouvir cantando, ou de cantar suas músicas?
Ouve, ouve sim. Ela é bem pequenininha [nota: três anos], mas já cantarola. E ela é muito afinada. Sua preferida é "Sereia", que a gente cantava juntas antes mesmo de eu gravar. Mas ela gosta bastante também de "Contravento" e do reggae ["You Won't Regret It", regravação dos jamaicanos Lloyd Robinson e Glen Brown, ícones do "early reggae" nos anos 1960]. Justo a letra em inglês! Ela está bem presente na minha vida musical, vê os shows, é a queridinha da banda.

O que você tem ouvido?
Bastante Black Keys, os caras sabem tirar um som que só eles. E velharias eternas, né? (risos). Pra você ver, nos últimos tempos eu tenho ido a fundo mesmo em Carmen Miranda, muito! Tenho aqui um HD recheado de preciosidades dela. E Velvet (Underground). Só velharia! Ah, mas se for ver, tem o Black Keys, que é novo. Se bem que eles também fazem um som vintage... Eu acho que sou meio velha, mesmo.

Um disco para levar para uma ilha deserta?
Essa é impossível! Acho que preferiria não levar nenhum. Ir só com a memória.

Li que você também desenha. Pensa em um dia expor sua produção?
Eu adoro desenhar, é uma coisa que faz parte de mim, e se me deixar com um bloquinho e um lápis nas mãos, vou me divertir muito. Quem gosta também é a Karina (Buhr), ela faz coisas incríveis... Mas é algo bastante despretensioso. Não trato com seriedade. Faz parte da minha personalidade. Eu era daquelas na escola: não entregava a lição, ia mal nas provas, sentava no fundão e ficava conversando e desenhando (risos). Ia ser complicado me dar bem com economia ou direito, por exemplo.

O mundo perdeu uma boa advogada?
Não, eu seria terrível! (risos) Também não sei se o mundo ganhou uma boa cantora. Mas certamente ele se deu bem, porque eu seria uma lástima fazendo qualquer outra coisa.

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