Red Hot faz turnê com percussionista brasileiro; leia entrevista

Na próxima quarta-feira (21), o Red Hot Chili Peppers vem a São Paulo com a turnê do álbum "I'm With You", lançado em agosto. Dessa vez, uma pimenta brasileira também estará em ação.

Convidado pelo baixista Flea, o catarinense Mauro Refosco é o responsável pela percussão marcante do novo CD.

O músico de 44 anos é natural de Joaçaba (SC) e, desde 1992, mora em Nova York, onde foi fazer mestrado em percussão na Manhattan School of Music.

Crédito: Clara Balzary/RHCP Brasil Anthony Kiedis, Mauro Refosco, Flea e Chad Smith (esq. para dir.) fazem turnê pela América do Sul
Anthony Kiedis, Mauro Refosco, Flea e Chad Smith (esq. para dir.) fazem turnê pela América do Sul

Os Chili Peppers não são os primeiros astros a trabalhar com o brasileiro. Refosco participou do projeto paralelo de Thom Yorke, do Radiohead. Intitulado "Atoms for Peace", o grupo de Thom também contava com o baixista Flea.

Mauro também tem uma boa parceria com o ex-Talking Head David Byrne. "Quando eu terminei os meus estudos, fui chamado para uma audição pra tocar com o David Byrne e acabei fazendo uma turnê com ele em 1994. Isso foi o que me ajudou a permanecer nos EUA", relembra o percussionista.

Embora participe de outros trabalhos, Refosco tem seu próprio projeto: o Forró in the Dark.

Acompanhe a entrevista exclusiva do Guia com Mauro Refosco:


Guia Folha - Quando surgiu seu interesse por música?
Mauro Refosco - O fascínio pela música vem de novinho, nem me lembro que idade. Eu ficava vidrado pelo som das escolas de samba de Joaçaba e pela batucada nos jogos do Joaçaba Esporte Clube. Tinha também a fanfarra do colégio. Eu pegava coisas da cozinha da minha mãe e fazia um som com panelas e coisas assim.

Pode falar um pouco sobre o Atoms for Peace? Como surgiu o projeto e como está agora?
O Atoms foi ideia do Thom [Yorke] de botar uma banda para tocar músicas do disco solo dele chamado "The Eraser". Acho que no futuro vão rolar mais coisas, mas vai demorar um pouco. Ele está ocupado com o Radiohead, e o Flea e eu estamos ocupados com o Red Hot.

Ainda acompanha David Byrne em shows? Como foi trabalhar com o ex-Talking Head?
O David é meu guru, meu professor, amigo, fonte de inspiração. Uma figura que inspira muito pela sua sensibilidade, integridade, gentileza, senso de humor, musicalidade, curiosidade. Eu sei que ele tem uns 15 projetos sendo tocados paralelamente. Não está fazendo shows, mas está trabalhando em um disco novo do qual eu já toquei em duas músicas.

Como foi o processo de produção de "I'm With You"?
Da parte que eu participei foi um disco bem orgânico. Tudo gravado ao vivo em poucos "takes" e sem "click", realmente captando a energia de tocar juntos. Sem consertar muito as coisas. Eu gravei umas 25 músicas e voltei alguns meses depois para tocar as 14 que tinham sido selecionadas para entrar no álbum. Na faixa "The Adventures of Rain Dance Maggie", a percussão foi gravada de primeira. Eu nem conhecia a música, escutei a "demo" rapidinho e na hora foi o que saiu. Gravei meio que improvisando e não mexeram nada. Atualmente, com esse negócio digital, você pode ajustar. Mas não é esse o lance da música.

Este novo trabalho do Red Hot conta com a participação de outros instrumentos (piano, trompete, percussão). O que achou do resultado? Consegue compará-lo com discos antigos da banda?
Eu gostei do disco. Considero as músicas muito boas. Tem boas melodias, ritmos, harmonias. Acho que é difícil comparar com outros, pois são "animais" completamente diferentes. Este representa o que a banda vive agora, o que é diferente do que eles viviam em outras épocas.

Como avalia o desempenho do novo guitarrista Josh Klinghoffer?
O Josh deu uma sorte danada de assumir a guitarra da banda, mas também pegou um "rabo de foguete", porque o John era muito querido pelos fãs. Porém, com tempo, o público vai curtir o Josh. É um músico e uma pessoa muito especial.

Qual a música de "I'm With You" que mais tem sua marca?
Acho que "Dance, Dance, Dance", pelo lance da zabumba, e "The Adventures of Rain Dance Maggie", pela "percussa" toda: o cowbell, o balde e o groove que rola. "Did I Let You Know" também tem uma levada maneira.

No show em Colônia (Alemanha), você tocou nas músicas do novo disco. Durante a turnê, vai dar algum efeito diferente em músicas de outros álbuns?
Naquele show, só tocamos duas músicas antigas, "Me and My Friends" e "Give It Away". Toquei em "Give It Away", mas em "Me and My Friends" não escutei nada de percussão, por isso não participei. Mas eu toco bastante no show. Vocês vão ver. Não quero estragar a surpresa para os fãs brasileiros.

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