Velha Guarda da Portela presenteia São Paulo com raiz do samba

Na noite desta terça-feira (26), o público paulistano assistiu a um show de samba típico das tradicionais rodas cariocas --e se esbaldou. A apresentação da Velha Guarda da Portela com os cantores Diogo Nogueira, Teresa Cristina e Marisa Monte, no Sesc Pinheiros, impediu qualquer pessoa, que não seja doente dos pés, de ficar indiferente às músicas extraídas do coração daqueles sambistas.

Crédito: Divulgação
Marisa Monte (centro) se apresenta, em SP, com sambistas da Velha Guarda da Portela

Batuques com as mãos e os pés, cabeças se mexendo e gritinhos foram as formas do público expressar um "muito obrigado por estarem aqui, mesmo que ignorássemos a existência de vocês ao longo destes anos."

O show celebra o lançamento do documentário "O Mistério do Samba", produzido por Marisa Monte e Leonardo Netto e dirigido por Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda, que conta a rotina dos integrantes da Velha Guarda da Portela. A estréia nos cinemas acontece nesta sexta-feira (29).

Leia entrevista com os diretores do documentário

Espetáculo

Exatamente às 21h13, aparece a postos os "senhores" da Velha Guarda da Portela, cada um a frente de um microfone -- três "malandros" do lado direito, vestidos de paletó, calça, chapéu e sapatos brancos, e quatro pastoras (cantoras) à esquerda, usando blazer e calça azul, com detalhes em cetim.

Crédito: Bruno Veiga/Divulgação
Marisa Monte canta com Monarco, na quadra da Portela, no filme "O Mistério do Samba"

Entre eles, o sambista Casquinha, um dos baluartes. Duas delas, Áurea Maria e Neide Sant'Ana, filhas dos sambistas Manacéa e Chico Santana, também ícones da agremiação do bairro de Oswaldo Cruz (zona norte do Rio de Janeiro), mostram a cara da nova geração.

Às 21h18, depois da transmissão de trechos do documentário, as primeiras palavras da música "Isolado do Mundo" (Alcides Dias Lopes), na voz grave de Mauro Diniz --filho de Monarco, o mais famoso intérprete da canção-- emocionam.

As canções como "Você Me Abandonou" (Alberto Lonato), "Falsas Juras" (Casquinha / Candeia), "Sabiá Cantador" (Alvarenga), "O Mundo É Assim" (Alvaiade), "Corri pra Ver" (Chico Santana / Monarco / Casquinha) e "Quantas Lágrimas" (Manacéa), entre outras, foram degustadas uma a uma pelo público, ora cantadas pelo vozeirão de Diogo, que ficou 30 minutos no palco, ora pela voz marcante de Teresa, que teve participação um pouco mais breve.

Emoção

Marisa Monte apareceu apenas às 22h23, com os cabelos presos e um barrigão de seis meses de gravidez, marcado no longo vestido lilás de babados. O ar muito sereno da cantora deixou claro que a convivência de mais de dez anos os tornaram íntimos e sem cerimônias uns com os outros.

Marisa começou com a triste e bela "Volta Meu Amor" (Manacéa), a mesma canção que interpreta no álbum "Tudo Azul", de canções da velha guarda, produzido por ela em 1999.

Ao cantar "Dança da Solidão" (Paulinho da Viola), em versão parecida com a que gravou no álbum "Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão", de 1994, muitos se emocionaram.

No bis, todos cantaram juntos "Volta" (Manacéa) e "Foi um Rio que Passou em Minha Vida" (Paulinho da Viola) com a platéia de pé, dançando, e batendo palmas por mais de dez minutos.

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