Zeca Baleiro celebra liberdade em show nesta sexta; leia entrevista

Crédito: Divulgação

Um dos mais inquietos compositores brasileiros da década de 1990, Zeca Baleiro apresenta nesta sexta-feira (31) um show em que celebra a liberdade conquistada ao longo de 12 anos de carreira, no HSBC Brasil, em São Paulo (SP). A apresentação faz parte do projeto Sons do Brasil, promovido pela rádio Nova Brasil FM, e o repertório é composto por canções novas e antigas.

Em entrevista exclusiva ao Guia da Folha Online, o cantor e compositor maranhense fala sobre liberdade, pirataria, tecnobrega e, evidentemente, sobre o show desta sexta. Veja:

Folha - No show desta sexta-feira, você faz uma retrospectiva de sua carreira com um repertório recheado de hits. Quais as principais mudanças de seu trabalho no intervalo entre o lançamento de "Por Onde Andará Stephen Fry" e "O Coração do Homem-Bomba Vol. 2"?
Zeca Baleiro - Muitas, afinal já se vão 12 anos, né? Mas a principal mudança (e ganho) nesse período foi a independência que conquistei, a possibilidade de fazer o que quero na hora que eu quiser e como eu quiser, como esse projeto duplo, "O Coração do Homem-Bomba". Quando você é muito preso à indústria do disco, você fica limitado criativamente. Agora me sinto livre, posso errar sem medo.

Folha - Você é de São Luís (MA) e morou em Belo Horizonte (MG) antes de mudar para São Paulo (SP). Essas cidades exerceram algum tipo de influência nos seus trabalhos?
Zeca Baleiro - Fatalmente. São Luís é a cidade onde nasci, e, embora tenha passado a infância no interior do Maranhão, em Arari, outra cidade importantíssima na minha vida, foi lá, em São Luís, que passei a adolescência e início da vida adulta. Foi quando comecei a me meter com música, em festivais e eventos universitários, formando bandas e projetos vários. Depois fui a Beagá [BH], já com 19 anos, e lá toquei na noite, foi uma escola e tanto. E moro em São Paulo desde 1991, onde de fato me "profissionalizei". Aprendi muito aqui e continuo a aprender. Toquei (e toco) com músicos fantásticos, e tive encontros que foram muito determinantes pra mim.

Folha - Com o sucesso de "Lenha" e outras composições, você passou a sofrer com a pirataria?
Zeca Baleiro - Nem tanto. Vez ou outra aparece um pirata meu, mas não é na escala de uma dupla sertaneja, um grupo de pagode. Então não posso dizer sinceramente que "sofri" com a pirataria. Me sinto até lisonjeado, amado, popular.

Folha - Qual o seu posicionamento sobre a falsificação de álbuns e novas formas de comercialização --algumas radicais como a adotada pelo Radiohead?
Zeca Baleiro - É um problema real, que mudou a indústria do disco e que temos de enfrentar com criatividade, como fez o Radiohead e as bandas de tecnobrega do Pará.

Folha - Há uma história de que você fez o seu primeiro show bêbado por conta do nervosismo, isso é verdade? Já se sente completamente à vontade no palco?
Zeca Baleiro - Bastante (risos). Mas naquela altura eu tinha 18 anos e nenhuma experiência de palco. Era um festival e a música era uma composição minha, um samba de breque quilométrico, fiquei nervoso, claro... Tive que tomar umas canjibrinas.

Folha - Entre as suas influências, você sempre destaca Luiz Gonzaga e Bob Dylan. Essa influência perdura nos seus álbuns mais recentes?
Zeca Baleiro - Destaco Gonzaga e Dylan como dois exemplos extremos de integridade artística e beleza. Mas há muito mais gente entre eles.

Folha - Certa vez você declarou que gostaria de compor para um público maior. Que queria mesmo é ver suas canções assoviadas pelo porteiro de seu prédio. Pensa nisso quando compõe?
Zeca Baleiro - Às vezes sim, às vezes não. De certo modo, meu trabalho se popularizou bastante nos últimos anos. E não foi preciso fazer concessões criativas pra isso, ainda bem. Não acho que todo porteiro de prédio me conheça, mas tenho alguns fãs curiosos. Outro dia, um policial que fazia ronda no meu bairro me acenou e disse: "já comprei ingresso pro seu show, hein?"... Nunca imaginei que isso aconteceria.

Folha - O que esperar do show desta sexta-feira?
Zeca Baleiro - Calor, é só o que posso prometer.

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