Marieta Severo estrela a peça 'Incêndios' em SP; leia a entrevista

A peça "Incêndios", escrita pelo libanês Wajdi Mouawad, foi encenada em países como França, Bélgica e Canadá, de onde vem o longa-metragem homônimo, de 2010, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Nesta sexta (19), a versão brasileira da montagem chega ao teatro Faap (zona oeste de São Paulo), depois de duas temporadas no Rio de Janeiro. Os ingressos custam de R$ 60 a R$ 90 e podem ser adquiridos pelo site www.teatrofaap.showare.com.br.

Aderbal Freire-Filho dirige a trama, envolvente e dramática: é a história da árabe Narwal, interpretada por Marieta Severo, que fugiu de seu país por causa da guerra civil e agora vive no ocidente. Antes de morrer, ela deixou uma tarefa intrigante aos filhos gêmeos: eles devem encontrar um irmão e um pai -os quais desconhecem- que ainda vivem no país natal.

À medida que os gêmeos investigam o passado da mãe, que foi presa e torturada, várias fases da vida de Narwal são apresentadas. Além da carga dramática, o texto destaca-se pelo bom e surpreendente final.

O "Guia" conversou com Marieta Severo sobre a montagem. Veja a entrevista abaixo:

Informe-se sobre a peça


"Guia" - Além de estrelar a peça, você é coprodutora da montagem. O que a atraiu no projeto?
Marieta Severo - O projeto me foi trazido pelo Felipe de Carolis [ator e coprodutor], que comprou os direitos da peça. Ele chegou já dizendo que queria fazer a montagem comigo e com o Aderbal [Freire-Filho, diretor]. Vi o filme e fui muito impactada por ele. O texto tem qualidade teatral extrema. É um drama contemporâneo, que fala de assuntos atuais, mas com densidade trágica. É uma história forte e densa, mas, ainda assim, bela. É uma peça que acredita na capacidade de o teatro tocar a imaginação e caminhar no tempo. Outra coisa muito boa é a habilidade de contar uma história com muito suspense, dando elementos para o público ficar sempre ligado. Não dava para não estar nesse projeto.

Como você se preparou para o papel da Narwal, que é tão dramático? Se baseou pelo filme ou viu a peça em outro país...?
Só vi quando foi lançado, há uns quatro anos. Quando fechei a participação na peça, não quis ver de novo. Também não assisti a montagens anteriores. Os personagens são um caldeirão de coisas objetivas e subjetivas, que você vai juntando. Enquanto estou no processo de criação, da Narwal ou de qualquer outro papel, tenho um olhar para a minha realidade e percebo o que está vinculado ao personagem. Tudo que eu vejo e o que eu ouço vai me alimentando.

No caso de "Incêndios", o que você buscou na sua realidade?
É incrível interpretar uma mulher sobrevivente a uma situação extrema, de tortura, de perder um filho, de um país em guerra civil. É claro que não passei por isso literalmente, mas me aproximo por elementos da minha geração, que viveu durante a ditadura. Sei histórias e conheço mulheres que passaram por situações semelhantes: tortura, estupro, filhos que desapareceram... Isso tudo é muito vivo dentro de mim.

A peça acompanha várias fases da vida de Narwal. Você a interpreta em todos os momentos?
Sim. O Aderbal teve uma boa sacada. Como ele também é apaixonado pela ilusão teatral, concluiu que era muito melhor que a peça tivesse sempre a mesma atriz. Tenho 67 anos; é claro que não quero parecer ter 15. Mas passo a ideia de "quando tinha 15 anos, eu era assim". E me sinto muito livre dentro dessa concepção. Aderbal também fez com que vários personagens fossem interpretados por um só ator. O Isaac Bernat, por exemplo, faz todos os personagens que guiam a filha em direção ao descobrimento sobre o passado de Narwal. É como se ele fosse um anjo que a orienta. A Fabiana de Mello e Souza interpreta todas as mulheres da vida da Narwal.

As temporadas no Rio de Janeiro foram bem concorridas. Qual é a expectativa para São Paulo?
A expectativa é muito grande. Não só porque a gente prolongou a temporada no Rio. Ficamos sete meses a mais por lá. Sabemos a relação poderosa com a plateia. Contamos com o público paulistano, que tem uma vivência, conhecimento de teatro e adesão muito grande. Sempre fui muito feliz com as temporadas em São Paulo. Estou muito animada!

E depois de São Paulo, a peça vai para outra cidade?
Sim. Em São Paulo, ficamos até dezembro. Aí, vou tirar férias. Vou descansar, já que "A Grande Família" terminou. Em março, vamos para mais quatro cidades. Depois disso, quero voltar ao Rio em temporada popular, porque sinto que ainda deixamos muito público por lá.

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