"Não subo ao palco para provar nada a ninguém", diz Sheila Mello

A ex-loira do É o Tchan, Sheila Mello, está em cartaz com a comédia "Três Possibilidades" no teatro Ressurreição (zona sul de São Paulo) e deu entrevista ao Guia.

Agora morena, Sheila interpreta Alexia, uma jovem que divide um apartamento com Vinicius e Leonardo. Os três personagens se envolvem em uma relação com traços de amor e amizade.

Com cenas de nudez e beijo homossexual, a trama apresenta a história de três estudantes que são mais que simples colegas de quarto e bons amigos. A peça é uma adaptação livre do filme "Três Formas de Amar" (1994) e fica em cartaz até 19 de novembro.

No bate-papo, Sheila Mello falou sobre a nova fase de sua vida, lembranças dos tempos de É o Tchan, o casamento com Fernando Scherer, o Xuxa, e sobre preconceito.

Informe-se sobre a peça

Crédito: Diogo Vellado/Divulgação Sheila Mello com os atores Guilherme Chelucci e Tiago Pessoa, que estrelam a peça "Três Possibilidades"
Sheila Mello com os atores Guilherme Chelucci e Tiago Pessoa, que estrelam a peça "Três Possibilidades"


Guia Folha - Como foi essa mudança radical no visual?
Sheila Mello - A mudança já vem acontecendo há algum tempo. Desde os 30 anos [a atriz agora tem 33], quando sentei na cadeira do meu cabeleireiro e saí quase chorando. Depois fui participar da novela "Ribeirão do Tempo", na Record, e eles pediram uma mudança. Continuei loira, mas cortei a franja. Gostei, porque pela primeira vez consegui mudar o visual. Depois de sair da "Fazenda", o diretor da peça sugeriu essa mudança. Pensei que ia chorar de novo. Mas, não. Vi que tenho um desapego maior do que imaginava.

O que achou do beijo gay?
A peça fala de encontro de almas. São três pessoas que vão morar juntas e se descobrem. Descobrem um carinho que é além do corpo. Eu não consigo ver um homossexualismo ali. Consigo ver um encontro de almas. O diretor falava o tempo todo que não íamos tratar de atração carnal. É justamente a delicadeza e as coisas que acontecem o tempo inteiro. Algo que transcende um pouco os órgãos genitais. Aí acaba acontecendo de Alexia se apaixonar pelo Leonardo; o Léo pelo Vinicius; e o Vini pela Alexia.

O que mais te marca nessa peça?
O Vinicius, que é o protagonista narrador, diz uma frase que resume a obra: "Alexia, se você e o Vinicius fossem uma pessoa só, seriam o amor da minha vida". Acontece muito isso, né?

Enfrenta preconceito por ser a ex-loira do É o Tchan?
Não posso me preocupar com isso. É uma questão de quem me contrata. Se me contratou é porque o preconceito já foi vencido. As pessoas criam o que querem, diante de um pequeno pedaço da minha vida. Se ficar pensando nisso, meu trabalho artístico será muito vulnerável. Eu não subo ao palco para provar nada para ninguém.

Considera o Brasil muito preconceituoso?
O Tchan foi um presente na minha vida. Infelizmente, o Brasil é preconceituoso. Lá fora, há uma cultura em que os artistas fazem de tudo. Aqui é muito diferente. Se você dança, você não pode ser atriz. Se você faz isso, você não pode ser aquilo. Isso é muito medíocre. Porque, lá fora, quanto mais você tem de bagagem, melhor será para o seu trabalho. Em nenhum momento penso que a experiência como dançarina seja negativa.

Suzana Alves, que interpretava a Tiazinha, também está em cartaz. Já assistiu à peça dela?
Não vi, mas tenho muita vontade, pois vivemos uma mesma fase. Eu lembro que era uma fase "Tiazinha e Sheilas". Era um fenômeno. E hoje ela foi para o mesmo caminho que eu. Tudo é uma experiência. Um ator precisa se livrar desse pensamento negativo, senão vai ser castrado pela sociedade, pela religião. Eu não vivo do passado, mas eu me orgulho dele. Se isso interferir no meu trabalho, é mais fácil dar um tiro na minha cabeça e não sair mais de casa por ter sido a loira do Tchan.

Posaria nua novamente?
Não tenho vontade. Fiz pela grana. Pude comprar apartamentos e hoje tenho rendas de aluguel. As capas foram legais, mas, nesse momento da minha vida, casada, nem sonhando.

O Xuxa não deixa?
Meu marido é genial. Eu dou beijo nos dois atores e ele veio ver a peça. Então, a gente não tem problema com isso. É respeito mútuo total. Eu realmente fazia por grana e, nesse momento, graças a Deus, não estou matando cachorro a grito!

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