Política, paixão e música. Esses são os pilares de "Rock'n'Roll", espetáculo de Tom Stoppard que estreou originalmente em Londres em 2006, e chega aos palcos paulistanos nesta sexta-feira (25). Em cartaz no Sesc Pinheiros (região oeste), a peça conta com elenco composto por Thiago Fragoso, Otávio Augusto --indicado ao Prêmio Shell de melhor ator pela atuação--, Gisele Fróes e Bianca Comparato.
A história se centra em Jan, jovem tcheco interpretado por Thiago, que estuda na Universidade de Cambridge e tem Max como tutor --papel de Otávio Augusto. No entanto, após a ocupação soviética de Praga --atual capital da República Tcheca--, em 1968, Jan volta para seu país de origem e encontra na música uma forma de resistência política.
Essa resistência é representada pela banda The Plastic People of the Universe, que existe até hoje em Praga. O grupo se tornou um símbolo de contestação política, como um dos coletivos que se opôs à ocupação soviética. Canções da banda integram a trilha sonora, ao lado de clássicos como "Break on Through", de The Doors, "It's Only Rock'n'Roll", dos Rolling Stones, e "Give Peace a Chance", de John Lennon.
Em meio aos ensaios para a estreia, o ator Thiago Fragoso conversou com Guia da Folha Online sobre a peça e sua carreira. Leia:
Folha Online - A peça tem grande apelo musical. Que impacto isso gera sobre a audiência?
Thiago Fragoso - No Rio, atraía muitos fãs de Pink Floyd e Syd Barrett, então a plateia tinha muitos jovens. O que é até raro, porque lá a plateia de teatro é majoritariamente de terceira idade. A música no espetáculo tem uma função muito emotiva, é um texto que desafia sua inteligência, os seus sentimentos. Ele traz muitas informações e te coloca como elemento ativo da peça. E quando entram as músicas, nos intervalos entre as cenas, você tem outra compreensão do espetáculo. O próprio título dá noção da visceralidade que esse texto propõe, da violência que tem a ver com o rock'n'roll.
Folha Online - Como um ator de TV, você acha que leva mais público ao teatro?
Thiago - A gente sempre espera que sim. Certamente é algo que conta mais no Rio do que em São Paulo. Aqui tem um público mais fiel de teatro, que vai assistir a espetáculos alternativos, independente de ter atores conhecidos em cartaz. E eu também não me considero muito um ator de televisão, porque eu comecei fazendo teatro. Mas a gente sempre espera que ajude. Quando a gente faz teatro, a gente fala "vou ficar famoso para poder encher o teatro".
Folha Online - Você sente falta dos palcos?
Thiago - Olha, eu acho que eu sou um tipo versátil de ator, porque eu canto, eu faço teatro, televisão, cinema. E eu consegui me manter, como contratado da Globo, fazendo novela um ano sim outro não, e com uma peça por ano. O que é uma média ótima até para atores que só fazem teatro, porque o mercado não é tão grande assim.
Folha Online - Como você tem se preparado para a peça?
Thiago - É uma preparação intensa. Eu passo o dia inteiro com uma rolha de silicone na boca e faço aquecimento vocal, porque a peça tem quase 3 horas e eu falo sem parar! Não é um espetáculo de ação física, é de ação reflexiva, de verbo. O texto tem que estar bem articulado e preciso.
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