Fabiana Karla deixa Dra. Lorca e assume gorda em comédia ácida

Crédito: Rodrigo Castro/Divulgação

Esqueça o humor fácil de personagens como a Dra. Lorca, do programa da TV Globo "Zorra Total". A atriz Fabiana Karla estreia nos palcos paulistanos com humor mais refinado. Trata-se de "Gorda", espetáculo que cumpriu temporada no Rio de Janeiro e chega, nesta sexta-feira (12), ao teatro Procópio Ferreira (região oeste da cidade de São Paulo), onde permanece até 2 de maio.

De caráter polêmico, a peça retrata a história de amor entre Tony (Michel Bercovitch) e Helena (Fabiana Karla), uma mulher acima do peso e bem-resolvida. Não tarda, no entanto, para que o executivo se torne alvo de piada no escritório. Joana (Flávia Rubim), seu ex-caso e oprimida pelos padrões de beleza, toma a frente dos bombardeios, ao lado de Caco (Mouhamed Harfouch), que, segundo Fabiana, "é a personificação das crueldades que as pessoas pensam e não têm coragem de dizer".

O tom mais elaborado da comédia se colocou como um enorme desafio para Fabiana. "É um prato cheio, um divisor de águas, tive que me empenhar muito nesse trabalho pra chegar no personagem mais real, mais verdadeiro", explica a atriz. Além das demandas do papel, ela teve de lidar com momentos difíceis nos ensaios: "Escutar 'ela é uma porca gorda' é um soco no estômago. Eu nunca fui ultrajada por ser gorda. Pelo contrário, fui criada com a autoestima lá em cima, com meu pai sempre dizendo que eu era linda", contou.

Nesses momentos, teve o apoio do elenco e do diretor Daniel Veronese. De origem argentina, o dramaturgo viu espetáculos de sua autoria serem montados em palcos brasileiros, como "Teatro para Pássaros", que cumpriu temporada em São Paulo no ano passado e neste ano.

Preconceito

Crédito: Rodrigo Castro/Divulgação

Apesar dos momentos engraçados, a atriz garante que "Gorda" tem seu lado dramático. "É muito cômodo para quem está oprimindo, vem o riso fácil. Mas quem é oprimido sempre está em uma posição desfavorável", justifica. A peça aborda o preconceito através desse humor ácido, o que é atribuído ao estilo do dramaturgo norte-americano Neil Labute --autor de "Restos", monólogo conduzido por Antonio Fagundes em 2009 na capital paulista.

Sobre o trabalho de Labute, Fabiana opina: "Ele coloca na boca dos personagens palavras fortes, sem o comprometimento com o politicamente correto. Mas são muito reconhecíveis --todos são vítimas de preconceito, mas são preconceituosos também."

Quanto a seu trabalho na TV, a atriz espera um novo personagem para "Zorra Total" --"eu sou barro e a arte vai me moldando; se é através de cinema, teatro ou TV, eu não me incomodo", acrescenta. Enquanto isso, nutre expectativas otimistas para a temporada em São Paulo. "A peça vai ser recebida de uma forma muito bacana. Aqui não tem essa coisa de assistir por causa de um ator famoso, o texto é muito importante pro pessoal daqui."

Se depender disso, "Gorda" deve rechear plateias.

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