Com "O Predador Entra na Sala", o autor e diretor Marcelo Rubens Paiva mostra como é solitária a vida de um escritor. E como a bebida e a internet podem ser refúgios para quem resiste a embarcar na pressão neurótica da indústria cultural.
Em cartaz às quartas e quintas-feiras no Parlapatões (centro de São Paulo), até o próximo dia 16, esta segunda peça dirigida por Marcelo fala sobre o escritor Dirceu (Raul Barretto), que vive em bate-papos virtuais e se recusa a produzir um novo livro --mesmo com a insistência do editor Barros (Celso Melez).
Até que aparece em cena a garota Cacau (Anna Cecília Junqueira), que diz ser sua filha, mas que se insinua a todo o momento para o "pai" e acaba mexendo com a vida de Dirceu.
Abaixo, veja o que Marcelo Rubens Paiva diz sobre sedução, solidão e internet:
Guia Folha - Você acha que alguém sedutor pode conseguir o que quiser?
Marcelo Rubens Paiva - Nem sempre. Precisa combinar com o time adversário. Às vezes, a sedução precisa se encaixar. O "timing" de encontrar a frase certa é o segredo. Uma hora, o predador consegue caçar. Mas na maioria, a presa escapa.
Guia - Os escritores são realmente mais solitários que os diretores?
Marcelo - Infinitamente mais. O escritor precisa ligar para os amigos, para sair. Os diretores recebem telefonemas e encontra amigos no trabalho.
Guia - Participar de chats pela internet interfere nas relações "reais"?
Marcelo - Não julgo as pessoas que paqueram pela internet. Só não entendo por que elas não vão aos bares paquerar e ver e ouvir ao vivo quem realmente interessa. É mais fácil, não cai a conexão. Nem dá tendinites.
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