Pioneiro do metal, Ozzy Osbourne demonstra energia em show de SP

Após uma ausência de 13 anos, o cantor Ozzy Osbourne, ex-Black Sabbath, voltou a tocar em São Paulo neste sábado (5), no estádio Parque Antarctica. Uma história que envolve mordidas em um morcego e uma pomba, muitos problemas com drogas, um reality show e bastante rock 'n' roll subiu ao palco no campo do Palmeiras.

Crédito: Fernando Donasci/Folha Imagem
Foi a terceira passagem de Ozzy Osbourne, ex-vocalista do Black Sabbath, pelo Brasil

Apesar de todas as limitações do vocalista, no alto de seus 59 anos, cerca de 38 mil pessoas foram reverenciar o "príncipe das trevas", que ajudou a criar imagens e símbolos da música pesada. Além de ser um dos pioneiros a executá-la, claro, ainda com o Black Sabbath.

Ozzy já havia passado pelo Brasil em 1985 (no Rock in Rio) e dez anos depois, na segunda edição do finado festival Monsters of Rock, em São Paulo. Dessa maneira, uma geração de jovens fãs brasileiros teve a oportunidade de conferir ao vivo, pela primeira vez, um dos pioneiros do heavy metal.

A abertura ficou com as bandas Black Label Society (liderada pelo guitarrista de sua banda, Zakk Wylde) e Korn. Mesmo com as diferenças de estilo, ambas se saíram bem no papel de "esquentar" o público, que queria mesmo ver a atração principal.

Ozzy Osbourne

O ex-vocalista do Black Sabbath sabe que sua imagem está acima de tudo em sua biografia. Com todas as loucuras envolvendo sua vida pessoal, o cantor criou um mito em torno de si que supera até mesmo seus sucessos musicais. Consciente disso, Ozzy utiliza do carisma para ganhar o público mesmo antes de entrar no palco, com um vídeo no qual o cantor faz paródias de diversos filmes e seriados famosos, como "Borat", "Família Soprano" e "Lost".

Crédito: Fernando Donasci/Folha Imagem
Carismático, Ozzy se comunicou com a platéia do início ao fim da apresentação em São Paulo

A introdução "Carmina Burana" prepara o público para a abertura do set list, com "I Don't Wanna Stop", do disco mais recente de Ozzy Osbourne, "Black Rain" (2007). O hit "Bark at the Moon" vem em seguida, e o cantor demonstra logo suas limitações vocais em músicas que exigem mais de sua voz, como é o caso dessa, a qual Ozzy se esforça muito para executar.

Zakk Wylde, na banda há bastante tempo, também se destaca no show, assim como a "cozinha" formada pelo baterista Mike Bordin (ex-Faith No More), Rob "Blasko" Nicholson (baixo) e o tecladista Adam Wakeman, filho de Rick Wakeman (conhecido por seu trabalho nos teclados do Yes e com uma bem-sucedida carreira solo).

O vocalista se encarrega de puxar o coro "olê, olê, olê", respondido pela platéia com "Ozzy, Ozzy", abrindo caminho para "Suicide Solution", de seu primeiro disco solo, "Blizzard of Ozz" (1980). Jogando baldes de água e gritando o tempo todo para o público, o cantor inicia um de seus maiores sucessos, "Mr. Crowley", cantado em uníssono pelos presentes.

Considerando sua imagem no reality show "The Osbournes", que protagonizava ao lado de sua família, Ozzy até surpreende, saltando o tempo todo no palco. De qualquer forma, sua forma física "relaxada" fica aparente pela grande barriga do vocalista.

"Not Going Away", do último disco, acalma os ânimos, que voltam a se levantar quando Ozzy pergunta se o público gostaria de ouvir uma música do Black Sabbath. "War Pigs", de 1970, traz nostalgia e sorrisos na platéia, que canta a canção junto com o vocalista.

A primeira balada do show é "Road to Nowhere", na qual Ozzy procura agradar o público se enrolando em uma bandeira brasileira. No grande sucesso "Crazy Train", o cantor deixa os fãs cantarem o refrão, talvez em busca de poupar um pouco a sua voz.

Com um sangramento nos dedos após sofrer um corte, Wylde deu início ao seu solo, que durou sete minutos, agradando alguns e cansando outros. "Iron Man", outro clássico da ex-banda, e "I Don't Know", que abre seu disco de estréia, "Blizzard of Ozz", voltaram a levantar os presentes no Parque Antarctica.

As últimas canções foram "No More Tears", "Here for You" (do último disco), "I Don't Want to Change the World", "Mama, I'm Coming Home" e "Paranoid" (do Black Sabbath), considerada por alguns como uma das primeiras canções heavy metal da história.

Crédito: Fernando Donasci/Folha Imagem
O show foi encerrado com a promessa de retorno do vocalista e sua banda ao Brasil

Concentrando o set list nos consistentes discos "Blizzard of Ozz" (1980) e "No More Tears" (1991), além das três canções do Sabbath e outras três do último disco, Ozzy soube segurar o público do início do show ao seu final, sempre incitando a platéia a gritar e cantar as músicas.

A passagem de Ozzy Osbourne por São Paulo se encerrou com uma promessa de retorno, não tão longo quanto os 13 anos entre o Monsters of Rock de 1995 e esta miniturnê, iniciada com um show no Rio de Janeiro e encerrada com a apresentação na capital paulista.

Mais importante do que a performance do vocalista foi a demonstração de energia aliada à sua imagem de mito do heavy metal, irreverente e carismático, que nunca se leva a sério.

Black Label Society

A primeira banda a entrar no palco não bateu muito papo com a platéia. Preferiu executar uma música atrás da outra, sem tempo para o público respirar.

Zakk Wylde, que além de tocar guitarra também canta no Black Label Society, não comprometeu nos vocais, onde não tem o mesmo talento em relação à sua performance nas seis cordas. Talento esse que, às vezes, é demonstrado de forma exagerada. Em cada intervalo entre as músicas, Wylde insistia em "fritar" alguns solos de maneira incessante e desnecessária.

Mesmo assim, o Black Label levantou o público com o peso e o carisma do vocalista/guitarrista, executando suas canções mais conhecidas, como "Bleed for Me", e demonstrando muita coesão entre seus integrantes.

Korn

Já o Korn, mesmo com sua levada new metal, agradou bastante uma parcela dos presentes. A outra parte da platéia demonstrou indiferença pelo grupo, que mescla música pesada e elementos eletrônicos, uma "heresia" para os fãs mais radicais.

Com "Right Now", a banda californiana deu início à sua apresentação, seguida por "A.D.I.D.A.S.". O grande destaque é o versátil vocalista Jonathan Davis, que alterna gritos e passagens mais suaves com naturalidade, além de se comunicar bem com o público.

O show da banda esquenta mesmo a partir do hit "Freak on a Leash", do álbum "Follow the Leader" (1998). A seqüência final, com "Somebody Someone", "Got the Life" e "Blind" encerra a apresentação com bastante empolgação, agradando grande parte da platéia, especialmente os jovens fãs do Korn.

Leia mais

Especial

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais