Mesmo depois do final da saga euclidiana de "Os Sertões", o cerco segue ao teatro Oficina. Mas por pouco tempo. "Vai explodir", afirma José Celso Martinez Corrêa. A estréia nesta sexta-feira (26) de "Os Bandidos", celebrando os 50 anos do espaço, traz ao foco a antiga disputa pelo entorno do teatro mais importante do país com o Grupo Silvio Santos. De um lado, o desejo de um teatro de estádio, para multidões. Do outro, a idéia de um conjunto habitacional (antes, era um shopping).
"Nas 40 madrugadas em que a peça foi criada, fizemos feitiçaria explícita para abrir os caminhos", diz o diretor, que adaptou em versos cantados (seja em rap ou canção) a peça de Friedrich Schiller (1759-1805), "o James Dean do setecentos", como prefere Zé Celso.
Como sempre, a trama é contextualizada e permite incontáveis leituras. Silvio Santos tem o papel de Apolo. O presidente Lula é Pã. E deve servir de conciliador, tanto no teatro como na vida, no trato com o dionisíaco Oficina. "Escrevi uma carta, e o presidente foi receptivo", diz ele.
As palavras explodem na boca do diretor, mas o estouro é de primavera, de irmandade. Desta vez, o bando Uzyna Uzona quer "se entregar" (não no sentido de desistência, mas na leitura mais amorosa da expressão).
Na peça, a contenda entre os irmãos Karl e Franz (Cosme e Damião, na versão do Oficina) se dá além do bem e do mal. "É como se fosse a novela das oito, mas de ponta-cabeça, sem a personagem 'má'. Tocamos no tabu da sociedade inteira", fala Zé Celso.
"Os antagonistas reais de 'Os Bandidos' estão na indústria armamentista. Nossa encenação aposta no sonho de um mundo desarmado", sintetiza o diretor no programa da peça.
E como sonha os próximos 50 anos do Oficina? "Não acredito em tempo linear. Acredito no agora. E sempre vai haver pessoas que vivem o presente", afirma.
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Onde: teatro Oficina. Duração: 300 minutos. Não recomendado para menores de 14 anos. | Leia mais no roteiro |
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