Atriz e diretor falam sobre primeira peça de Daniel Veronese em SP

Crédito: Divulgação

"A peça é como uma dessas caixinhas chinesas: uma caixinha dentro de uma caixinha, dentro de outra caixinha." A frase pronunciada pela personagem Teresa para falar de sua criação serviria muito bem para descrever a própria peça a que a cena pertence. Em cartaz desde sábado (5), na Funarte (região central da cidade de São Paulo), "Teatro para Pássaros" é o primeiro texto do dramaturgo argentino Daniel Veronese a ser encenado na capital paulista.

No palco de cenografia simples, focos de luz iluminam seis integrantes da classe artística. Teresa quer se tornar dramaturga. Glória é uma atriz em busca de trabalho. Yasmin é sedutora e fútil. Tony é um produtor de TV sem paciência para teatro alternativo. Ricardo só quer saber da namorada Glória. Marcos quer apaziguar os conflitos e ajudar a namorada Teresa a emplacar seu texto. Durante o encontro desses personagens numa noite qualquer, desenrolam-se pensamentos sobre a própria arte teatral e seus estereótipos --tudo isso pontuado por cenas cômicas e trilha sonora moderna, com nomes como o do DJ Moby.

Quem trouxe a ideia da montagem foi a própria Teresa, ou a atriz Luciana Rossi, depois de assistir ao espetáculo em Buenos Aires, em 2007. "A peça tem uma importância dentro do que é o teatro hoje e é muito engraçada, tem personagens muito marcantes. Ao mesmo tempo que faz pensar, faz rir", contou a atriz em entrevista ao Guia da Folha Online. "Fiquei com o flyer do espetáculo durante um ano, dois anos. Aí falei: 'Vou pedir o texto pro autor!'", completa.

Com a obra em mãos, concedida pelo próprio Veronese, Luciana convidou Roberto Lage para dirigir o espetáculo. Lage, fundador do Ágora - Centro para o Desenvolvimento Teatral com Celso Frateschi, também se apaixonou pelo texto e embarcou no projeto.

A dramaturgia de Daniel Veronese

Crédito: Divulgação

Veronese, que começou como ator e mímico, ingressou no segmento de teatro de objetos em 1985 e, em 1989, fundou a companhia El Periféricos de Objetos. Hoje, conta com mais de 20 títulos escritos e uma dezena de peças dirigidas. Para Luciana Rossi, "ele escreve de uma maneira muito contemporânea, em que tudo acontece ao mesmo tempo, é tudo muito instantâneo".

Roberto Lage reitera essa ideia: "Veronese fragmenta os diálogos de uma maneira muito contemporânea, principalmente para uma plateia mais jovem que já está habituada a uma forma de leitura, de raciocínio e de pensamento próxima à linguagem da internet."

No entanto, com todos esses méritos, a obra de Veronese ainda é pouco conhecida do grande público no Brasil. O diretor justifica: "o Brasil, de certa forma, é quase uma ilha no continente latino-americano, a gente tem muito pouco contato com a dramaturgia latino-americana aqui". Sorte dos paulistanos que passarem pela plateia da Funarte até 11 de outubro.

Informe-se sobre o evento

Leia mais em Teatro

Leia mais no Guia da Folha Online

Especial

Livraria

Direção: Roberto Lage. Duração: 80 minutos. Classificação etária: 14 anos.
As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais