Claudia Raia canta enquanto corre na esteira para se preparar para musical

Claudia Raia está de volta aos palcos paulistanos. Nesta sexta-feira (4), a atriz, que tenta promover o gênero do musical no Brasil desde a década de 80, quando atuou em "Chorus Line", estreia "Pernas pro Ar" no Teatro Bradesco (região oeste). Sua produção tem suporte nacional de prestígio --o argumento é de Luis Fernando Veríssimo e a direção de Cacá Carvalho--, já as composições musicais são estrangeiras --"infelizmente ainda não temos compositores para musical aqui", justifica Claudia.

Crédito: Divulgação

O projeto nasceu durante o sono da atriz. "Sonhei com uma caixa mágica em que eu contava a história do universo feminino", disse em coletiva à imprensa, nessa quarta-feira. Levou a ideia a Alonso Barros, coreógrafo que atua em espetáculos na Europa e nos Estados Unidos, e a Cacá Carvalho, ator de teatro experimental, conhecido como o personagem Jamanta, da novela global "Torre de Babel". Logo conseguiu concretizar a montagem, que viaja em três carretas de 30 metros cada uma.

A encenação também é feita de sonho. Nela, todas as ações da personagem acontecem em seu quarto, a partir do momento em que uma figura que afirma ser o demônio ameaça levá-la ao inferno por ter uma vida medíocre. Cacá esclarece: "Essa mulher é uma dona de casa, bem casada, jovem, faz academia, tem até Orkut, mas é muito certa, muito correta."

Para interpretá-la, além de cantar e dançar, Claudia enfrenta a preparação que desenvolveu há anos: correr na esteira e cantar ao mesmo tempo, para conseguir fôlego. "Para fazer musical, você precisa ter três cérebros", completa. E a atriz parece tê-los --na montagem, consegue cantar e dançar no número "I Gotcha", que mesmo artistas como Liza Minnelli apresentavam dublando.

Medo de musicais

Quem tem medo do gênero não precisa passar longe de "Pernas pro Ar". Claudia alerta: "O musical, até de maneira preconceituosa, é tido como menor e banal --porque a dramaturgia normalmente passa por ele, não se instala. Mas este é um teatro musical, tem uma história que você acompanha, e quem nos deu isso, com toda a certeza, foi o Cacá."

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Mais integradas à dramaturgia, as canções são do estilo "old Broadway", clássicos de big bands e pop --norte-americanas em meio à produção predominantemente brasileira. "Avançamos muito em musical no Brasil, temos cinco elencos simultaneamente em cartaz. Não é à toa que é a maior bilheteria deste país. Mas ainda temos duas deficiências: não temos nem autores, nem compositores", explica a protagonista.

Popularizar e desenvolver musicais no Brasil é um dos maiores sonhos da atriz: "Eu queria ter ingressos a R$ 40, para que as pessoas tivessem acesso, e ir para lugares inusitados, para ter a oportunidade de encontrar outras tribos que não vão ao teatro". O espetáculo permitiu uma conquista quase completa: as entradas mais baratas da temporada em São Paulo, da frisa do terceiro andar, custam R$ 50, e apresentações gratuitas da peça chegarão, em 2010, a pontos inusitados, como a frente do rio Amazonas, em Belém (PA), e o parque Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Nos próprios moldes da Broadway, "Pernas pro Ar" ainda terá uma ação de divulgação de rua. Nesta quinta-feira (3), às 12h, 20 bailarinos invadem a avenida Paulista, na região central de São Paulo, para uma performance curta. No sábado, é a vez de a rua Oscar Freire e a praça Benedito Calixto se tornarem palco.

Parece pouco? Para Claudia, sim. A atriz ainda sonha em abrir um centro de formação de musicais, onde as crianças possam aprender a cantar, dançar e interpretar. Passada a temporada com o espetáculo --que em São Paulo vai até o dia 12--, quer também encarar um trabalho diferente, como teatro experimental.

Do jeito que dá passos largos, alguém duvida que vêm aí mais sonhos realizados?

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