O que uma mãe é capaz de fazer para transformar o filho em um artista? No musical "Gypsy" --que estreou na sexta-feira (23), no Teatro Alfa (zona sul de São Paulo), a personagem de Totia Meireles, Mama Rose, escancara a falta de limites de uma matriarca ambiciosa. Gypsy Rose Lee (nascida Rose Louise) foi a stripper mais bem paga de sua época --uma Dita von Teese dos anos 1960. Antes disso, entretanto, era a filha feia e desprezada.
O clássico, que já ganhou cinco montagens e está em cartaz na Broadway desde 1959, chega à cidade pelas mãos de Charles Möeller e Claudio Botelho --dos musicais "O Despertar da Primavera" (em cartaz no shopping Frei Caneca) e "A Noviça Rebelde", entre outros.
A história, ao contrário do que indica o título, é centrada na mãe de Gypsy, Mama Rose. Cruel e controversa, ela é uma mulher que não mede as consequências para ter filhas famosas. Rose deposita suas esperanças na caçula, a loira e bela June (Renata Ricci), que logo foge de sua "proteção".
Resta à mãe tentar transformar seu "patinho feio", a filha Louise (Adriana Garambone), que logo se revela mais que uma atriz do vaudevile, tornando-se a musa do burlesco.
"Apesar de soar erótico, era tudo muito inocente, afinal, a história tem 50 anos", explica Möeller. "A Gypsy foi muito mais esperta do que uma mulher que só tira a roupa." Para ele, no entanto, esta é uma história sobre "losers" (perdedores): "Mostra como a vida é cruel. Sem "american dream'", afirma.
Com 14 crianças no elenco, o diretor diz que convive o tempo todo com mães que lembram Mama Rose. "Ainda precisamos falar sobre isso porque parece que elas não entenderam o que queremos dizer", acredita.
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