Público fica no escuro para ver duas peças em SP

E se você assistisse a uma peça em que não é possível enxergar nada, apenas ouvir barulhos e as falas dos atores, sentir cheiros e a presença das pessoas? É o que acontece no espetáculo que o Teatro Cego estreia nesta quarta-feira (13) no Tucarena (zona oeste de São Paulo).

"O Grande Viúvo" tem elenco formado também por atores cegos e é encenado todo no escuro. A peça é dirigida por Paulo Palado e baseada no conto "O Grande Viúvo", de Nelson Rodrigues. A história trata de um viúvo que, após ter perdido sua amada, comunica à família que também quer morrer e ser enterrado junto à falecida.

Crédito: Divulgação O Teatro Cego, que apresenta a peça "O Grande Viúvo", de Nelson Rodrigues, com encenação feita no escuro

BREU

Outra montagem em cartaz na cidade --esta no Sesc Belenzinho (zona leste)-- tem um princípio semelhante. Escrita pelo carioca Pedro Brício e dirigida por Maria Silvia Siqueira Campos e Miwa Yanagizawa, "Breu", como o nome já sugere, tem seus primeiros 15 minutos também apresentados na total escuridão.

Crédito: Paula Huven/Divulgação Kelzy Ecard em cena do espetáculo "Breu", texto do carioca Pedro Brício em cartaz no Sesc Belenzinho

Os espectadores entram no teatro já sem luz, auxiliados por lanternas comandas pela equipe da montagem. A trama se passa em uma casa do subúrbio carioca nos anos 1970. Uma das personagens, Carmem (vivida por Kelzy Ecard), fala o início de seu texto no breu.

O espectador tenta adivinhar seus movimentos pelos sons de água corrente, de passos ou pelo barulho de móveis sendo descolados. Com a chegada de Aurora (Natália Gonsales), que vem auxiliar Carmem na produção de cachorros-quentes, a luz aos poucos começa a surgir.

O que parece um fato corriqueiro é transformado pelo medo e pela desconfiança que definiram a ditadura brasileira.

Informe-se sobre "Teatro Cego - O Grande Viúvo"

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