Espetáculo "Nu de Mim Mesmo" tem temporada prorrogada em São Paulo

Uma boa notícia para quem se interessa por experimentações (bem-sucedidas) no teatro: "Nu de Mim Mesmo", da companhia carioca Teatro Autônomo, teve temporada prorrogada por três semanas no Sesc Avenida Paulista. Assim, a montagem intimista --que tem um limite de pouco mais de 40 espectadores por apresentação-- pode ser vista até o próximo dia 5, às sextas, sábados e domingos, sempre às 19h.

Crédito: Divulgação

"Claro que a gente quer ficar em cartaz muito tempo, para mais pessoas assistirem. Ouvimos muita gente dizer que quer voltar. Mas o espetáculo só funciona desse jeito [com limite de espectadores], para que seja possível o máximo de intimidade", disse a atriz Miwa Yanagizawa à Folha Online.

Na peça, dirigida por Jefferson Miranda, cinco atores se multiplicam em vários papéis para contar histórias passadas em diferentes décadas e lugares, unidas pelo tema da importância do afeto. Projeção de vídeos, música ao vivo e um espaço cênico pouco usual --que começa vazio e vai se enchendo com o acúmulo de objetos relacionados a tantas tramas distintas-- criam o que "dramaturg" (crítico interno) Flavio Graff chama de "origami emocional", permeado pela reflexão sobre a necessidade de alterar expectativas e de adotar um olhar menos apaixonado em relação à vida.

"Todos somos cobrados, existe uma ideia de que, para você estar no mundo, precisa ser o melhor. E assim esquecemos do principal das relações, que é o afeto, o que nos une", explica Graff.

"Nu de Mim Mesmo" teve um processo de criação que durou nove meses. A ideia de Graff é que, através de tantas histórias e do uso de recursos de outras artes e linguagens, a encenação se apresente em camadas: "Mas se você quiser, pode não ver nada, ficar só com a capa, a casca. A gente não dirige o olhar do espectador".

Graff também participa da apresentação como performer, cantando músicas criadas especialmente para a peça. Ele já trabalhou como crítico de teatro e entrou para a companhia em 2001 a convite de Miranda, devido à afinidade entre as concepções dos dois sobre a arte. "Em geral, o teatro trabalha com o texto como fundamento. Para nós, é uma consequência."

Mulher ideal

Crédito: Guga Melgar/Divulgação
Atores Adriano Garib e Miwa Yanagizawa contracenam na peça "Nu de Mim Mesmo"

Paulista e filha de japoneses, a atriz Miwa Yanagizawa, que mora no Rio há mais de duas décadas, tem cinco papéis em "Nu de Mim Mesmo", entre eles o da "mulher ideal" que surge nos pensamentos de um físico de meia-idade: "Ela é um contraponto ao cientista, esse personagem em crise, mais velho e repensando a vida", afirma. "Às vezes a gente complica, então ela foi surgindo para aliviar esse peso. Na verdade, ela é ele mesmo, é o lado livre da pessoa", acrescenta, citando as aparições de Claudia Cardinale no filme "8 ½", de Federico Fellini, como inspiração para o papel.

Para Yanagizawa, a montagem reflete sobre a procura da simplicidade: "Trata da busca da tranquilidade, de ter mais calma, sem preocupação de dar conta de tudo ou de ser herói. A maior parte dos encontros da peça acontece entre estranhos, e um acolhe o outro com franqueza".

Como o drama tem duração de cerca de três horas e meia, a companhia pensou em como manter o público confortável: os espectadores são informados, antes do início do espetáculo, sobre a localização dos banheiros e de uma mesa com algumas comidinhas, a que podem recorrer sempre que for necessário durante a apresentação.

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