Sutil Cia. estreia peça e dá início a mostra; leia entrevista

Ao longo de 18 anos, a Sutil Companhia de Teatro fez barulho por onde passou. O diretor Felipe Hirsch e o ator Guilherme Weber, fundadores do grupo que nasceu em Curitiba, comemoram essa longa parceria com uma mostra de três de suas 30 peças no Sesc Belenzinho (zona leste de São Paulo), a partir deste sábado (18).

A estreia "Trilhas Sonoras de Amor Perdidas" abre o evento. "Thom Pain - Lady Grey", criação de Felipe Hirsch para histórias do dramaturgo Will Eno, estreia na mostra dia 23 de junho. Por último, volta à cidade, em julho, o premiado espetáculo "Não Sobre o Amor", com Leonardo Medeiros e Arieta Corrêa.

Com Weber e Natália Lage no elenco, a montagem é como se fosse a segunda parte de "A Vida É Cheia de Som e Fúria", adaptação do livro "Alta Fidelidade", do inglês Nick Hornby, que estreou em 2000 e é ainda a mais querida entre o público. "Trilhas" é um passeio dramático pela memória musical de um homem que resgata, a partir de fitas de músicas que ele gravou durante a vida, lembranças de sua juventude.

Crédito: Lenise Pinheiro/Folhapress Os atores Guilherme Weber e Natália Lage em cena do espetáculo "Trilhas Sonoras de Amor Perdidas"

Thom Pain - Lady Grey
Formada por monólogos de Will Eno ("Thom Pain - Baseado em Nada" e "Lady Grey - Em Luz Cada Vez Mais Baixa"), a peça de 2006 mostra os dois lados de uma mesma relação amorosa: um homem (Guilherme Weber) reflete sobre o fim de um amor, e uma mulher (revezam Mariana Lima e Arieta Corrêa) tenta mostrar ao público algo que a represente depois do abandono.

Crédito: Carol-Sachs/Divulgação Guilherme Weber em cena do espetáculo "Thom Pain - Lady Grey"

Não sobre o Amor
A cenografia de Daniela Thomas e a iluminação de Beto Bruel --parceiros de Hirsch também em "Pterodátilos"-- tornaram essa montagem um clássico, com todos os móveis do cenário pendurados na parede e a sincrônica interação entre atores e projeções de vídeos. A história é baseada na troca de correspondências entre os escritores Victor Shklovsky e Elsa Triolet.

Crédito: Divulgação Cena do espetáculo "Não Sobre o Amor"
Cena do espetáculo "Não sobre o Amor", baseado em cartas dos escritores Victor Shklovsky e Elsa Triolet

Sesc Belenzinho - sala de espetáculo 2 - 80 lugares. Sex.e sáb.: 21h30. Dom.: 18h30. Estreia: 15/7. Até 31/7. 85min. Não recomendado para menores de 14 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 24.


Lei entrevista com o diretor Felipe Hirsch sobre a nova montagem da Sutil Cia:

Guia Folha - Como nasceu "Trilhas Sonoras"?
Felipe Hirsch - Durante 11 anos, recolhi todo o material [cartas, depoimentos] que originou a trilha da peça. Depois de "A Vida É Cheia de Som e Fúria", não tínhamos pretensão de fazer um novo espetáculo sobre música, o que nos levou a fazer "Trilhas" de um jeito emocional. Eu nem sabia que ainda podia fazer espetáculos assim, com tanto prazer.

As "mixtapes" são metáforas das lembranças do personagem?
A ideia era exatamente essa. Eu estava lendo o livro do Sonic Youth de colagens, "Sensational Fix", que é lindo. Fiquei envolvido por essa ideia de colagens e "mixtapes". Você junta músicas tão distantes e cria uma história.

Como falar de fitas em uma época em que essa tecnologia já não é mais utilizada?
Essa é a grande história de "Trilhas Sonoras...". A tecnologia muda, mas o conceito de dividir música é o mesmo. Hoje, a gente faz "playlists" em iPods. O centro da peça é mostrar que compartilhar música é uma ação passional.

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