Teatro

Grupo leva ao palco do Sesc Pinheiros heterônimos de Pessoa

NATALIA ENGLER
do Guia da Folha

Com o título retirado de um trecho do "Livro do Desassossego", no qual Bernardo Soares contempla Lisboa de uma varanda como quem observa a paisagem a partir de um barco em movimento, "Turismo Infinito" iniciou nesta sexta-feira (19) uma curta temporada no Sesc Pinheiros (região oeste da capital paulista).

Crédito: João Tuna/Divulgação

O espetáculo --que pretende proporcionar a "descoberta do personagem múltiplo que é Fernando Pessoa", nas palavras do diretor Ricardo Pais-- é mais um capítulo da relação do Teatro Nacional São João, da cidade portuguesa do Porto, com a cena teatral brasileira.

Em 2000, por iniciativa da atriz Eva Wilma, o mesmo Pais trouxe a peça "Madame". Por sua vez, Antunes Filho acaba de retornar de Portugal, onde encenou, com os atores do Centro de Pesquisa Teatral, "A Falecida Vapt-Vupt" e "Prêt-à-Porter - Coletânea 2".

"Esse intercâmbio é a coisa mais natural do mundo", sentencia o encenador, que se declara defensor intransigente da língua portuguesa falada. A temporada também faz parte de um projeto, ainda bastante indefinido, de um festival luso-brasileiro de teatro.

A montagem se apoia em poemas assinados pelo próprio Pessoa e por quatro heterônimos --Bernardo Soares, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e a quase desconhecida Maria José--, além de cartas de Ofélia Queiroz (com quem o poeta teve uma breve relação), transformados em dramaturgia por António M. Feijó.

"Não existe propriamente um enredo", aponta Pais. "O espetáculo se instala numa espécie de hipnose audiovisual. É como se tentássemos, por meio da própria cenografia, penetrar na vertigem da cabeça de Fernando Pessoa", completa.

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